Esta entrevista é de propriedade de Bazaar, feita em 30 de Julho de 2024 por Go Young-jin. Nós apenas traduzimos, sendo assim com os devidos créditos dados aqui.
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Omega Sapien, Wonjin, Mudd the Student, Hong Chanhee e Sogumm. Cinco membros do Balming Tiger descem do palco, deixando para trás todas as distrações e aproveitando um dia comum para descansar. Esta página é um documentário extremamente pessoal, feito por eles e para eles
Omega Sapien (daqui em diante, Omega): Entrevista no ônibus para Seul, tomando uma cerveja!
Harper’s Bazaar: A sessão de fotos demorou mais do que o esperado, então você pareceu bem animado ao ver a cerveja. Todo mundo gosta de beber por aqui?
Hong Chanhee: Nem todos, mas alguns sim. Aqui, por exemplo, Sogumm e Wonjin. Ah, e o Omega também.
Mudd the Student (daqui em diante, Mudd): O Omega não gosta tanto de beber, ele gosta mesmo é de ficar bêbado.
Omega: Não é assim com todo mundo?
Wonjin: Esses dias, não conseguia dormir direito à noite e andava meio desanimado. Mas agora que tô encontrando gente, tô me sentindo melhor. Ficar acordado na hora de dormir me deixa meio deprê.
Omega: Quando não consegue dormir, tenta soltar o ar (expirar) por um tempo duas vezes maior do que você puxa (inspira). Isso ajuda.
Harper’s Bazaar: Desde maio, vocês têm rodado 11 cidades com a The Tiny Tour 2024. Palcos como Head in the Clouds nos EUA, Primavera Sound na Espanha e Glastonbury no Reino Unido. Dá pra acreditar que participaram de todos esses festivais?
Omega: A cada ano, os shows que fazemos ficam maiores. Já nos acostumamos um pouco, mas isso não significa que perdemos o encanto. Agora é como se não fosse só uma questão de fazer bem feito, mas de dominar e aproveitar completamente o momento. Ficou ainda mais divertido.
Hong Chanhee: Acho que fazer turnê regularmente é essencial. Quando ficamos só na Coreia, dá aquela preguiça, sabe? Mas, quando entramos na rotina de uma turnê, seguimos um cronograma certinho. É ótimo pra dar aquela renovada.
Harper’s Bazaar: A apresentação no Glastonbury foi transmitida ao vivo pela BBC para todo o Reino Unido. Foi um tipo de pressão diferente?
Sogumm: Não senti nada de especial. Sempre penso que os shows grandes e pequenos que fizemos antes nos prepararam pra esses momentos. Subi no palco com o coração bem firme.
Hong Chanhee: Fiquei impressionado com o quanto todo mundo estava tranquilo. Ninguém parecia nervoso.
Omega: Dica pra quando bate o nervosismo: tanto o nervosismo quanto a expectativa vêm do mesmo hormônio, a adrenalina. A diferença entre os dois está na mentalidade. Se você encara de forma passiva, vira nervosismo; se encara de forma ativa, vira expectativa. Sempre que fico nervoso, penso: "Espera aí! Eu não tô nervoso, tô animado e cheio de expectativa!". Isso muda tudo.
Harper's Bazaar: Parece que você ficou bem nervoso, não?
Omega Sapien: Pensar só no resultado dá nervosismo, mas focar no momento traz empolgação. Com certeza, decidi curtir o momento.
Sogumm: Ano passado, no Fuji Rock Festival no Japão, eu fiquei muito nervosa. Acho que ter passado por aquilo me ajudou, porque dessa vez eu encarei tudo com mais calma!
Harper's Bazaar: Durante a turnê, vocês também se apresentaram no DMZ Festival em Cheorwon, na província de Gangwon. Esse foi o primeiro momento em que vi ao vivo a performance do Baming Tiger, e pessoalmente, foi o que mais curti durante os dois dias do festival. Depois de assistir a esse show, tive certeza de que quem vê o palco de vocês não tem como não se tornar fã.
Omega: Concordo. Hehe.
Hong Chanhee: Se a plateia está bem animada, fica muito mais fácil para nós também. O DMZ foi assim. Sentimos que podíamos nos entregar totalmente ao palco, sem nos preocupar com nada ao redor, e apenas aproveitar o momento. Se sentimos que a nossa performance foi boa, é sinal de que a plateia também fez sua parte.
Omega: Se eu fosse escolher, diria que o DMZ Festival foi um dos melhores shows dessa turnê.
Sogeum: Eu esperava por uma oportunidade como essa, de ter uma comunicação com a plateia dessa energia, aqui na Coreia. Quando percebi que isso foi possível no DMZ, fiquei super feliz. Se surgir outra chance, adoraria me apresentar lá novamente.
Harper's Bazaar: Não acho que a presença de palco do Baming Tiger venha apenas do simples ato de tirar a camisa. (O grupo costuma tirar as camisas em quase todos os shows.) Mas, mesmo que eu não queira admitir, acho que a dança tem uma força por trás disso. Por exemplo, se não tivesse aquelas coreografias cativantes entre a dança e os movimentos mais sérios, como em "Buriburi", o poder de palco não teria sido o mesmo.
Mudd: Quando a dança entra em uma música que já seria difícil de convencer, fica mais fácil de nos conectar com o público.
Sogeum: Eu acredito que a comunicação no palco não se limita à plateia. A conexão entre nós, no palco, também é fundamental. A dança é nossa maneira de compartilhar energia e comunicação entre nós.
Omega: Quando saímos para tocar no exterior, é difícil ter um grande time de staff por uma questão de custos. Então, começamos a pensar na melhor maneira de fazer um ótimo show sozinhos, e a dança se tornou a melhor solução. Não exige muito dinheiro ou efeitos grandiosos. A gente não tem coreógrafos profissionais, mas, sendo do povo da K-pop, quando estamos juntos, as coreografias surgem naturalmente na diversão.
Hong Chanhee: Quando nos encontramos, saem facilmente umas 100 ideias de uma vez.
Harper's Bazaar: Então, vocês continuarão dançando, não importa qual música tocar?
Omega: Eu costumo pensar bastante sobre os shows. Lançar boas músicas e videoclipes é claro, mas no final das contas, o melhor meio de se comunicar com os fãs é o show. Dançar é uma forma certa de garantir um bom show. Quando estamos no palco com as mesmas roupas, fazendo os mesmos movimentos, a sensação de unidade é incrível. Mesmo sem planos para o próximo ano, acredito que a dança continuará sendo algo essencial para um bom show.
Harper's Bazaar: A atitude de buscar conceitos aparentemente incompatíveis ao mesmo tempo também parece que não mudará. Como no seu trabalho recente, que é ao mesmo tempo minoritário e popular, livre e rigoroso, improvisado e calculado. Isso reflete o estilo do Balming Tiger?
Sogumm: Gosto desse equilíbrio instável. Eu gosto do que não é controlado, mas também, se sinto que passou dos limites, busco o oposto.
Omega: Nossa composição é assim mesmo. Embora pareça que temos gostos parecidos, há muitos aspectos nos quais somos diferentes. Como estamos sempre buscando agradar a todos e criar algo que todos gostem, naturalmente acabamos buscando esse equilíbrio instável que a Sogumm falou.
Harper's Bazaar: O termo "Alternative K-pop", que sempre acompanha a descrição da música do Balming Tiger, parece capturar bem isso. No começo da carreira, o foco estava em mostrar algo novo, o que ficava claro com a ênfase no "alternativo", mas agora parece que o K-pop como identidade está sendo mais enfatizado. Isso tem a ver com a vontade de aproveitar o momento em que o mundo está interessado na arte coreana?
Sogeum: Para ser honesta, não fico tão preocupada com o "alternativo" ou com o "K-pop". Como as pessoas vão sentir a nossa música é uma questão de quem a ouve. Como disse antes, acho que estamos apenas caminhando na linha tênue entre os dois.
Omega: Concordo. Ao invés de nos prender a essas coisas, só queremos fazer hits.
Harper's Bazaar: Qual é o critério para um hit? Uma música que fica em 1º lugar nas paradas?
Omega: Uma música que você ouvirá mesmo 40 anos depois. No momento, não temos uma música assim. Uma música que você ainda ouve e vibra 40 anos depois é uma música que realmente dominou a época e representa um período.
Sogumm: Quando vi artistas no Glastonbury Festival com álbuns de 20 anos atrás ainda tocando em grandes palcos, pensei: "Eu também quero fazer shows com o Balming Tiger por tanto tempo." Para isso, uma música hit, como a que o Omega falou, será necessária.
Harper's Bazaar: Será que esse tipo de música sairá no álbum que vocês estão preparando? Eu pedi algumas dicas sobre o álbum para preparar a entrevista, mas até hoje não consegui nenhuma informação.
Omega: Ainda não decidimos nada, por isso. Quando chegar a hora, ela aparecerá... O certo é que vai ser muito boa.
Harper's Bazaar: Quando se fala sobre Balming Tiger, todos usam a expressão "quebrando as regras". Qual a regra que vocês mais querem quebrar agora?
Omega: Sobre quebrar regras, nem pensamos nisso. Só fazemos o que gostamos, e as regras se quebram. Parece pretensioso? (risos)
Sogumm: Esse é o ponto que eu quero tocar. Quando alguém cria algo, geralmente começa quebrando regras, mas depois, à medida que o processo avança, as partes irregulares vão sendo ajustadas e acabam se encaixando em uma forma. Acabam se tornando algo que se adapta ao molde. Para a gente, não há essa fase. Fazemos do começo ao fim do jeito que queremos. Só fazer.
Na última edição da Harper's Bazaar, cada membro foi perguntado: "Se você pudesse encontrar alguém para conversar fora do trabalho musical, quem seria?" Acho que a resposta a essa pergunta revela bastante sobre quem somos agora.
Sogumm: Eu mesma. Quando estou em turnê, não tenho muito tempo para ficar comigo mesmo. Acho que preciso de um momento para conversar com meu eu interior, refletir sobre o que foi divertido, o que foi difícil e quando eu cresci.
Mudd: Eu gostaria de encontrar a pessoa que eu era em 2019, quando entrei para o Baming Tiger e comecei a fazer música de verdade. Naquela época, eu estava misturado entre a ansiedade de começar a minha jornada e a expectativa do que viria. Quero sentir de novo aquele nervosismo e ver o que me fez ter coragem de fazer aquilo.
Hong Chanhee: Em um sentido semelhante, eu gostaria de me encontrar no meu "último" momento. Apenas 2 ou 3 anos atrás, eu jamais imaginaria viver esse estilo de vida, viajando pelo mundo com o Baming Tiger e fazendo shows. Eu sempre digo que vou me lembrar desses momentos quando chegar o fim, mas fico curioso para saber se isso realmente vai acontecer ou se eu vou viver experiências ainda mais incríveis que vão fazer essas lembranças parecerem pequenas.
Wonjin: Recentemente, conheci uma pessoa que dizia ser capaz de ler o futuro com borra de café, então pedi para ela me fazer uma leitura. Ela disse que eu deveria procurar minha tia. Para mim, minha tia é como uma segunda mãe, mas faz muito tempo que não a vejo. Acho que vou procurar ela.
Omega: Warren Buffett. Quero receber algumas dicas de investimentos! (risos) Ah, e também Satoshi Nakamoto! Ele é o criador do Bitcoin, mas ninguém sabe quem ele realmente é. Ele desapareceu totalmente da vista do público, o que ajudou o Bitcoin a se tornar uma moeda completamente descentralizada. Seria incrível tomar um café com ele e ver o que eu poderia aprender, talvez até uma inspiração.
Créditos
Foto: Nikolai Ahn
Estilista: Shin Min-cheol
Cabelo & Maquiagem: Mahito
Assistente: Jeong Ji-yoon
Design: Jin Moon-joo
Design Digital: GRAFIKSANG
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