- Segunda mixtape de Mudd the student lançada em 16 de Junho de 2019. - Nunca lançado de forma oficial, disponível apenas no Soundclound. - Composição, produção, mixagem e masterização feitas por Mudd the student.
- 9ª faixa da segunda mixtape do Mudd, 'New Providence Cusk Eel', lançado em 16 de Junho de 2019.
- Baseada na história real de Chien Chih-cheng, uma jovem veterinária em Taiwan
⚠️ conteúdo sensível
que cometeu suicídio após sofrer pressão intensa em seu trabalho — incluindo a responsabilidade de realizar centenas de eutanásias em cães abandonados. Ela era conhecida por sua dedicação e por trabalhar longas horas, mas acabou sendo criticada online, o que agravou seu estado mental. Saiba mais sobre o caso aqui.
- 6ª faixa da segunda mixtape do Mudd, 'New Providence Cusk Eel', lançado em 16 de Junho de 2019.
- 아가 (Aga) é um termo coreano carinhoso que significa "bebê" ou "criança pequena". É usado tanto literalmente quanto de forma afetuosa entre casais, familiares ou para expressar ternura por alguém mais jovem. Também pode carregar um tom de compaixão, fragilidade ou nostalgia, dependendo do contexto.
Jovens afundados na própria insegurança...
Você ainda tá com tanta raiva, né?
Já disseram pra não se comparar com os outros, mas olha você aí.
Parece uma criança mimada.
Você cospe sua raiva porque não consegue engolir,
igualzinho ao gosto daquele remédio em pó que você vomitava quando era pequeno.
Idade é fácil de ter...
Mesmo dormindo a vida toda, o tempo passa igual.
Se você se apoia só na idade, ainda é imaturo pra caramba.
Tenta aliviar as tuas neuras com habilidade de verdade.
Ou você achou que ia ser reconhecido se comparando com os outros, sem valor nenhum?
Para de chorar, vai. Já deu.
Ô dó...
Sério, para.
Que cena, hein?
Você não é só ignorante... chega a dar pena.
E isso tá longe de ser bonito.
Querido, como você tá agora?
Espero que esteja se sentindo melhor.
Você não quer saber tudo que eu sei...
Mas será que posso continuar te amando assim mesmo?
Será que ainda posso?
Meu bem...
Só queria que você soubesse o quanto eu te amo.
- 3ª faixa da segunda mixtape do Mudd, 'New Providence Cusk Eel', lançado em 16 de Junho de 2019.
- A sigla do título se refere á "Emotional Freedom Technique", que é falada no final da música. É uma técnica terapêutica que combina acupuntura com psicologia. A pessoa estimula pontos específicos do corpo enquanto fala frases sobre seus sentimentos ou traumas, com o objetivo de aliviar emoções negativas como ansiedade, estresse ou dor.
Ele também nunca teve medo de falhar
O arco-íris depois da chuva parece
com a confiança da minha juventude,
que ainda brilha forte
Santo... caralho santo
Tô correndo pra luz, em vez de terapia
Disseram que isso aqui é quase uma cura
Me chamam de bobo, mas tô no corre da vida
Mesmo parecendo bem, carrego dores em mim
Mas não deixo isso escapar,
Nunca exponho o tamanho da minha dor,
nunca pedi pra me entenderem
Nem gripe me pega direito (haha)
Nem isso me derruba
(Só os fortes fazem o corre da vida)
Sou tipo um pintinho em sala de aula
Difícil de cuidar, mas crescendo aos poucos
Ainda tem tempo de me ver voar
Pra quem não acredita em Deus,
isso aqui se chama "milagre"
Se lava de novo, por você
Se limpa de novo, por você
Se purifica de novo
Vai lá, se lava de novo
Técnica de liberdade emocional...
Técnica de liberdade emocional...
국제수화 (International Sign Language) (Feat. Futuristic Swaver)
Putz, não deu, né? Fora da coberta é sempre um tédio, mano.
Fiz drama à toa, coração gelou de novo...
Meu Deus
Ahhh—
Por que só agora ficou fácil lembrar?
Essa vibe toda
Acho que eu senti o cheiro
Acho que toquei com a mão
Deve ter abraçado uma vez
Ahhh—
Esse movimento delicado se abre
Esse sentimento
Pra quem será que cozinhei?
Mas antes, deixa eu ver se não me cortei em algum lugar,
Se machucou não?
Ahhh—
Mesmo que o mundo faça barulho, só você que eu escuto agora
Até as lágrimas só rolam por você
Mesmo sem a pele se tocando, eu senti
Fala aí, qual é o maior problema?
Eu vou dar um jeito de melhorar o clima
Tomara que fique melhor que antes, né?
Não precisa ficar todo enrolado, relaxa essa preocupação
Tô sentindo que tá tudo doce e cheio de sabor, tipo “Meu Deus”
Em dias bons, eu até lembrava às vezes,
De um dia a gente viver pra sempre
Numa casinha rodeada de árvore, garden, garden
Um jardim lindo, cheio de árvores bem plantadas
Andando, segurando a mão um do outro
Criando uns cachorrinhos pra fazer companhia
Contando um com o outro pra tudo
Você virou meu exemplo
Claro e puro como sua alma
Quando olho pro mundo
Sinto que vejo tudo
Quando tô deitado abraçando você, me sinto em paz
O tempo passa, mas a gente não muda
O que a galera quer é sempre a mesma coisa
Eu nem ligo pra isso
A gente é diferente
Nem gosto de ficar explicando
Porque viver sem lembrar de você nunca rolou
Esperar por você era até mais fácil
Yeah yeah, oh yeah
Pra quem você cozinhou?
Mas antes, tem corte em algum lugar?
Não se machucou?
Ahhh—
Mesmo que o mundo grite, só você escuto agora
Maldito, só você que faz chorar, a morte
Silenciosa, só você derrama as lágrimas
Mas nunca dobra o joelho
Ahhh—
Mesmo que o mundo grite, só você escuto agora
Maldito, só você que faz chorar, a morte
Silenciosa, só você derrama as lágrimas
Mas nunca se rende, nunca se curva
Como eu poderia esquecer aquilo?
Como eu poderia esquecer ele?
Como eu poderia esquecer ela?
O que eu quero, de verdade,
Nem é nada demais...
Eu vivo pressionado, sufocado,
Minha energia sendo drenada o tempo todo.
Pra quem não sente nada,
De fora, eu devo parecer só mais um bobo.
Mas dentro do meu castelo,
Que eu mesmo levantei,
Você apareceu e bagunçou tudo —
Destruiu meu ciclo, tipo peixe invasor.
Enquanto eu balanço tranquilo numa floresta de arco-íris,
Você vem com seu peso e quebra tudo de uma vez, despenca.
Os vilões me jogaram numa prisão,
E como se não bastasse, encheram de escuta.
Se ter imaginação demais for crime,
Então primeiro tira essa seringa,
E aí a gente conversa.
Me amarram inteiro e ainda dizem: “Muda.”
Como, se nem tentam me ouvir?
Se o estranho aqui sou eu, então me explica,
O que exatamente eu tô fazendo de errado?
(Me fala!)
Amarra mais forte.
(Que estranho...)
Vai doer um pouco.
(Sério mesmo.)
Por que você fala tanto?
(Tava tudo armado, né?)
Pega ele.
(Vamos conversar.)
Puxa esse braço.
(Tenta aí.)
Cala a boca, por favor.
(Eu tenho que sair daqui. De verdade.)
Como é que eu esqueceria tudo isso?
Como esquecer ele?
Como esquecer ela?
O que eu quero…
Nem é pedir muito.
Na bagunça que virou minha juventude, não tem espaço pra pensar em você.
Amigo, não entendo essas paradas…
(Nem sei o que faz vocês rirem ou chorarem.)
Eu ando tanto que nem dá tempo de olhar pra trás.
E andando assim, nem reparo no que tem ao redor.
Quando volto pra casa e encaro o olhar dos meus irmãos…
Não sei se dou conta da expectativa que eles têm de mim.
A caminhada pro trabalho me é mais familiar do que ir pra escola com os amigos.
Porque eu vivo só pra sobreviver.
Acho que você ainda é só um garoto.
O que importa pra mim não é aniversário, é o dia que o salário cai.
Você nunca teve irmão pra sustentar.
Nunca teve que botar comida na boca de alguém menor que você.
Nunca precisou segurar o choro na hora que mais queria desabar.
Desculpa aí, mas eu realmente não tô nem aí.
Se aquele moleque do time de futebol
Fez merda ou falou de mim…
Tanto faz. Isso aí não é nada.
Agita a galera e foda-se os tranquilos
Acorda, não viaja
Mudança sempre tropeça no começo
Mas marca tua pegada — bem fundo
Aceita logo
Enfiaram a lupa e só acharam kimchi
Todo dia é a mesma coisa
Discussão por inveja disfarçada de egoísmo
E esse passo lerdo
Não dá nem tempo da arte causar impacto
Foda-se o que você sente
(Fatos não ligam pra sentimentos)
A realidade — não, o futuro —
é afiado como uma lâmina
Tipo isso
(Não ligamos pros teus sentimentos. Nunca ligamos.)
Cheguei de máscara, coberto
Dava pra ver nas reações que tavam tentando entender
Mas não sobrou marca de gente se comendo viva
Ou seja, nem era prisão
Ver vocês ainda em beta me dá pena
Covarde nenhum vai conquistar algo
Cês tão aqui agora? Se joga!
Desliza como app que acabou de viralizar
Eu deixo lição, não deixo propina
Não faço esforço por tapinha nas costas
Por isso nem osso me importa
Se deu pra viver, vivi
Mas não espero homenagem nenhuma
Artista só acredita no ouvido
As emoções que a gente passa pelo som
São quase coisa de outro mundo
Talvez seja a graça secreta de Deus mesmo
O salvador apareceu,
me ajoelhei na hora
O nome dele é Harry — soberano, o dono do poder
Mas já foi embora, tava de passagem
E muita coisa já mudou
Mesmo com toda paranoia, meu julgamento ainda tava firme
Mas quebrou todinho, olha só
Tão tudo se atacando entre si
Pagando de mártir, com o peito estufado de orgulho
Nem sabe separar o pessoal do profissional, olha só
Acho que cê é só mais um poser do rap mesmo
Falou que bateu num cara semana passada, né?
Agora diz que perdeu grana? Sei...
Esse tipo aí é meu padrão de lenda urbana: tudo loucura
Ah, também, o que que eu espero, né? Mas...
Se tão vendendo música só na base do personagem
Se não for tudo inventado, aí eu respeito
Você até se esforça pra ser odiado, né? Com gosto
Não curto esse lance de tirar folga
Isso aqui é arte, se tu parar, fica pra trás
Cê pode enfiar esse papel que tu criou pra mim
Falei que esse tipo de rótulo nem existe, seus tontos
Você é realmente impressionante...
Nunca nem tentou de verdade, né?
Aí diz que é tudo talento, claro
Valeu, sou mesmo um viciado em talento
Por isso cê vai ficar aí nesse cantinho pra sempre
Tu é de dar pena, sério
Esse cheiro podre, essas coisas paradas, limpa tudo
Eu fluo, tipo uma carpa num dia de chuva
Esses tronos tomados dos velhos caretas
Nem me importo, tô seguindo meu próprio caminho
Tô leve, flutuando!
Andando no tapete vermelho, a gente tá estourando
As ondas tão perfeitas, tenho as respostas no bolso
Andando no tapete vermelho, com as respostas no bolso
Porque carteira cheia não é felicidade de verdade
Surf de boa, mano — a vida tem altos e baixos
Mesmo uma bosta, é só mais um caminho
Então pensa assim e segue em frente
Ignora todos os obstáculos
Até nosso barco aparecer
Se a onda vier, a gente pega e vai
Pensando "não deve ser um tsunami, né?"
Se for tsunami mesmo, a gente encara
Pensando "não deve ser um tsunami, né?"
Minha sensibilidade é mortal
Falta até o ar, dá pra sufocar
Martelo na cabeça, quebra a estrutura
Destruo o sistema e me espalho pelo mundo
Meu filho, meu moleque, meu sangue
Com o pouco que tenho, compro paz pra ele
Escondido, fiz aviãozinho dentro do quarto
Era meu sentimento, o seu também
Esse som aqui? É morte, irmão
Peguei o troféu brilhando na mão
Tão pesadas, essas mãos tão até doendo
Tá tudo suave agora... valeu, Mudd
Esses otário cuspindo merda… descansem, rip rip
Este artigo é de propriedade de Eyesmag, feita em Maio de 2025 por Jang Ji-eun, nós apenas traduzimos, sendo assim com todos os créditos dados aqui.
~~~~~~~~~~~
Comentário do Editor
O Balming Tiger é um time imprevisível. Mais do que um simples coletivo, eles funcionam como um grupo de artistas que sempre surpreende com resultados únicos, mostrando sua sensibilidade própria. Antes do show chamado “Pigeon&Plastic”, encontramos eles em meio à correria dos preparativos. Como será esse palco que mistura energias diferentes, fluídas mas ao mesmo tempo diretas? Nas histórias que o Balming Tiger compartilhou sobre o espetáculo, há pistas para já imaginar como será essa apresentação.
— Essa é a primeira vez que vocês conversam com os assinantes da Eyes Magazine. Podem fazer uma breve apresentação?
Olá! Somos o Balming Tiger, um grupo de K-POP alternativo.
— O que tem deixado o Balming Tiger mais ocupado ultimamente?
Estamos nos preparando para nosso show solo que vai rolar nos dias 28 e 29 de junho. O nome já desperta curiosidade: “Pigeon&Plastic”.
Como é uma proposta nova para a gente, o processo de preparação teve seus altos e baixos, mas acreditamos que o público vai se divertir bastante e curtir essa experiência diferente.
CAMWUS
— O nome “Pigeon&Plastic” já chama atenção por si só. Qual é o significado por trás desse título?
A gente se inspirou na música “Pigeon and Plastic”, que faz parte do nosso primeiro álbum completo, January Never Dies. E esse também é o título do “filme” que serve de pano de fundo para o show.
— Ouvi dizer que esse show vai mostrar todo o poder criativo do Balming Tiger.
A direção do espetáculo ficou por conta dos nossos membros San Yawn e Janqui. A ideia não era só fazer um show com as músicas tocadas em sequência, mas criar algo que parecesse uma narrativa — como se fosse uma história mesmo.
Desde o começo, a gente pensou no conceito como se estivesse produzindo um clipe ou até um filme. Nos dedicamos muito para que a parte criativa, a direção, a narrativa e a performance se misturassem de forma natural, equilibrando bem o ritmo e o fluxo do show.
- Ouvi dizer que essa apresentação tem um clima grandioso que só dá pra ver nesse show.
Esse palco tá com uma pegada de cinema mesmo — o cenário principal parece que foi tirado direto de um set de filmagem. A estrutura do show todo foi pensada pra conectar de forma orgânica o cenário, o making of que passa nos telões (o famoso VCR) e a nossa performance ao vivo. As cenas do vídeo e o que rola no palco se misturam tão naturalmente que o público vai ter a sensação de que não existe mais limite entre o que é tela e o que é palco. E além disso, a gente preparou várias surpresinhas e ideias novas espalhadas pelo show. Então, se puderem ver ao vivo, vai ser bem mais daora perceber como cada detalhe se encaixa e acontece na hora.
- Quando vocês começam a preparar uma turnê ou show, tem alguma etapa que vocês sempre fazem primeiro?
A parte criativa do conceito geral vai rolando junto, mas o primeiro passo real, mesmo, é sempre o rearranjo das músicas com a banda. Pra esse show, a gente tá com um time de peso — Omega Sapien, bj원진, sogumm, Mudd the Student — e, claro, com o diretor musical Kim Hanjoo liderando tudo. A banda ainda conta com o Lee Suho, Jeon Iljun, Jinsil, Meolsoo e Sheeps, todo mundo junto. A gente pega as músicas originais, cada uma com a sua vibe, e dá uma nova cara nelas pro palco com a banda. É nesse processo de rearranjar e entrar em sintonia que tudo realmente começa pra gente.
-Ouvi dizer que esse show também contou com uma equipe de colaboração de peso.
Os músicos da nossa banda, que já mandam super bem e têm um talento absurdo, estão todos de volta nesse show também. E, especialmente dessa vez, tivemos a honra de trabalhar com o Kim Hanjoo como diretor musical e a diretora de arte Ryu Seong-hee no visual da apresentação.
O Kim Hanjoo é músico da banda Silica Gel, mas também atua com trilhas e colaborações no cinema — um cara versátil e muito talentoso. Nesse show, além de participar do rearranjo de várias músicas, ele assumiu a direção musical. A relação com ele já vem de antes, aliás — ele foi o band master no nosso primeiro show solo, o Balming Tiger World Expo 2024. E agora, mais uma vez, ele se dedicou de coração ao projeto. Pode esperar um show com uma pegada nova no formato de banda.
E uma coisa que foi realmente uma honra pra gente: a Ryu Seong-hee, que é simplesmente um dos maiores nomes da direção de arte do cinema coreano, topou participar do nosso show pela primeira vez. Ela assinou o visual de filmes como Oldboy, O Gosto da Vingança, O Hospedeiro, Sede de Sangue, Mother, A Criada e Decisão de Partir. Recentemente, ela também trabalhou na direção de arte do drama Quando a Vida Dá um Tempo. Ter uma artista com um olhar tão refinado e premiado — e que aceitou fazer sua estreia nesse tipo de projeto com a gente — foi realmente algo muito especial.
- Teve alguma coisa que te marcou nesse trabalho com eles?
Algo que é bem característico do trabalho da diretora Ryu é o uso de padrões (patterns) nas artes visuais. E, pro nosso show, ela criou um padrão exclusivo só pra gente. O jeito como isso foi integrado ao palco... bom, é melhor ver com os próprios olhos no dia da apresentação. Vai valer muito a pena.
- E a colaboração com a IU? Conta como começou e como foi trabalhar juntos.
Coincidentemente, eu tava assistindo ao drama Quando a Vida Dá um Tempo quando a IU entrou em contato com a gente, enquanto ela tava preparando o projeto 꽃갈피 셋 (Kkotgalpi 3). Foi ela quem procurou a gente primeiro, e a proposta era reinterpretar Miin, um clássico do mestre Shin Joong-hyun, que a gente respeita demais. Trabalhar nessa nova versão da música com ela foi uma experiência muito divertida e gratificante.
- Teve alguma história marcante durante os preparativos?
O San \yawn e o Jan’qui, enquanto trabalhavam no enredo, chegaram a atuar as cenas na frente da equipe e da produção pra explicar melhor a ideia. Foi tão vívido e engraçado que a galera até aplaudiu. E o mais legal é que, com o tempo, a sintonia entre eles na atuação só foi melhorando.
- Como o grupo tem pessoas com personalidades fortes, rola atrito às vezes?
No começo, a gente até sentia umas diferenças. Mas hoje em dia, a gente se conhece tão bem, tipo família mesmo, que quase não rola conflito. Ainda assim, o Sanyawn, o Omega Sapien e a sogumm costumam ser os que têm as opiniões mais firmes.
- Antes de subir no palco, vocês têm algum ritual ou promessa entre si?
Bem na hora do show, a gente se junta em círculo, faz um trancinho de ombro com ombro e faz uma oração juntos, como uma forma de se concentrar e alinhar as energias pro que tá por vir.
- O que vocês gostariam que o público sentisse depois de assistir a esse show?
A gente quer que todo mundo curta ao máximo ali, dançando, cantando junto, entrando de cabeça no nosso universo. E, quando estiverem voltando pra casa, que fiquem com aquela sensação meio estranha e grudada na mente, tipo uma coisa que não dá pra explicar direito, mas que faz pensar de novo e de novo.
- Na opinião de vocês, por que os shows do Balming Tiger são considerados “diferentões”?
Acho que é porque a gente não se prende a formatos nem regras — é tudo feito de forma livre, meio “sem raiz” mesmo. Essa vibe mais solta permite que a gente experimente e mostre várias caras diferentes. Talvez seja por isso que tanta gente curte o que a gente faz.
Esta entrevista é de propriedade de Neut Magazine, feita em Setembro de 2023 por Kotetsu Nakazato, nós apenas traduzimos, sendo assim com todos os créditos dados aqui.
~~~~~~~~~~~
Conversamos com o Balming Tiger, a banda de alternative K-POP que mostrou que só um coletivo com tantas visões diferentes poderia criar algo assim.
Hoje em dia, o K-POP não é mais algo restrito à Coreia do Sul — ele tomou o mundo e parece estar entrando em uma nova fase depois da explosão global. Já não é raro ver artistas coreanos nas paradas globais da Billboard, e alguns até chegam ao topo do ranking. Isso mostra que o K-POP se tornou uma parte essencial da cena musical mundial.
Nesse contexto, o Balming Tiger, um coletivo artístico que se autodefine como uma “banda multinacional de K-POP alternativo”, vem sacudindo a cena com uma proposta completamente nova. Eles estão reconstruindo a imagem não só do K-POP, mas também da Coreia e até da Ásia como um todo, trazendo novas referências e repensando tudo que já foi feito até aqui.
Com base em Seul, na Coreia do Sul, o Balming Tiger é formado atualmente por 11 membros. O que mais os diferencia de outros grupos de K-POP é que nem todos os integrantes cantam — o time inclui produtores musicais, diretores criativos, cineastas, profissionais de marketing e outros criadores.
Eles não apenas produzem a música e o visual por conta própria, como também cuidam de toda a parte de divulgação e entrega, tudo feito em equipe, de forma integrada.
Com essa estrutura livre e criativa, o Balming Tiger começou sua trajetória em 2018. E foi no ano passado, em setembro, que eles tiveram um boom global ao lançar a faixa “SEXY NUKIM”, com participação do RM, líder do BTS.
A música foi um sucesso no mundo inteiro e, já no dia seguinte ao lançamento, alcançou o 1º lugar no ranking global do iTunes. Muita gente ao redor do mundo conheceu o Balming Tiger justamente por causa dessa colaboração.
O Balming Tiger foi uma das atrações do FUJI ROCK FESTIVAL ’23, realizado em julho deste ano, e deixou o público em puro êxtase.
A música deles foge de qualquer rótulo — cada faixa cria um universo próprio. Mesmo sendo um show ao vivo, a sensação às vezes é a de estar assistindo a uma peça de teatro, de tão performático e imersivo que é.
Os membros San Yawn, Omega Sapien, Mudd the Student, sogumm, bj wnjn e Hong Chanhee subiram ao palco com caixas na cabeça, decoradas com rostos em estilo anime, e foi com essa entrada inusitada que deram início ao “mundo Balming Tiger”, apresentando a música “Kolo Kolo”, lançada em 2022.
Além dos singles lançados — como “Almadillo”, “SEXY NUKIM”, “JUST FUN!” e “Trust Yourself” — o Balming Tiger também apresentou músicas solo dos membros e nada menos que oito faixas inéditas.
Mesmo com tantas músicas novas, eles conseguiram envolver todo mundo: com refrões marcantes que puxavam o público pro clássico call and response (quando a plateia responde aos vocais) e mosh pits que explodiam antes dos refrões, eles foram encurtando a distância com o público ao máximo.
A energia do Balming Tiger puxava a galera, e a energia da galera puxava o Balming Tiger de volta. Foi uma verdadeira troca intensa, como se fosse um embate de forças criativas — e quando a gente se deu conta, a uma hora de show já tinha passado num piscar de olhos.
Logo depois dessa apresentação eletrizante, os integrantes San Yawn, Omega Sapien, Mudd the Student, sogumm, bj wnjn, Hong Chanhee e Henson Hwang deram uma entrevista exclusiva pra contar mais sobre a experiência.
Da esquerda para a direita: San Yawn, Mudd the Student, Omega Sapien, Hong Chanhee, sogumm, bj wnjn
"Crescer junto com amigos importantes é tudo pra mim."
— Obrigado pelo show de hoje! Como foi a primeira participação de vocês no FUJI ROCK FESTIVAL ’23?
Omega Sapien: O Fuji Rock sempre foi um palco dos sonhos pra gente, então nos preparamos bastante. Fico feliz que conseguimos mostrar tudo isso de uma forma legal.
Hong Chanhee: A gente cometeu alguns errinhos aqui e ali (risos), mas deu tudo certo no fim. Como o lugar é rodeado por montanhas, dava até pra sentir a energia da natureza.
Mudd the Student: Assim como o Omega falou, eu também sempre quis tocar no Fuji Rock. Foi uma honra dividir o palco por onde passaram tantos roqueiros lendários.
Hong Chanhee: Eu sou muito fã do 100 gecs, então fiquei feliz demais de tocar no mesmo dia que eles! Pena que por causa dessa entrevista eu não vou conseguir assistir (risos).
— Perdão por isso! (risos). Já se passaram cinco anos desde a formação do Balming Tiger. Podem relembrar como o grupo começou?
San Yawn: Na verdade, não teve um momento exato em que a gente decidiu “vamos criar um grupo”. Foi algo bem natural. Eu fui chamando um por um porque queria fazer coisas malucas junto com eles.
— Na indústria, é bem comum contratar produtores de fora pra fazer as músicas, mas o Balming Tiger cuida de tudo dentro do grupo — da produção à divulgação. O que vocês acham de trabalhar nesse formato?
Omega Sapien: O melhor de tudo é poder trabalhar com amigos que eu realmente gosto.
sogumm: Pra mim, crescer ao lado de amigos que são importantes de verdade é tudo.
"É justamente porque cada membro tem sua própria visão que conseguimos ser sem rótulos."
— Pessoalmente, sinto que as músicas e os videoclipes do Balming Tiger representam a Ásia de um jeito livre e estiloso, desconstruindo vários estereótipos. Como vocês gostariam de transformar essa imagem da Ásia por meio da música e da performance?
Omega Sapien: Muita gente na Ásia cresceu ouvindo música ocidental e acaba repetindo aquilo como referência. Mas o que a gente quer é criar algo que nos dê orgulho de sermos asiáticos — uma forma de expressão que diga: “isso é nosso, e é da hora.”
sogumm: Representar a Ásia é importante pra mim, mas tão importante quanto isso é expressar quem eu sou e o que eu amo. Eu sou asiática, então quando me coloco de forma verdadeira no que crio, isso naturalmente já carrega essa identidade também.
— Então, expressar a si mesmo é o mais essencial. As músicas do Balming Tiger são muito diversas, sem se prender a gêneros, e cada faixa tem uma vibe única. Existe alguma ideia ou sentimento em comum entre elas?
sogumm: Na real, cada membro pensa e sente coisas diferentes. Acho que é por isso que cada música tem um clima e uma linguagem própria. Cada um ouve estilos diferentes também. Mas quando tudo isso se junta, com todas essas vozes diferentes, a gente acaba expressando algo que reflete o que é viver nesse “tempo presente”. O que a gente faz é, no fundo, o retrato desse nosso agora.
Hong Chanhee: Justamente por sermos diferentes é que conseguimos criar expressões tão variadas.
O verdadeiro valor da música está aí.
— É justamente por terem diversas ideias que conseguem criar algo novo. Com gostos e estilos tão diferentes, como é o processo de criação musical do Balming Tiger?
Henson Hwang: Cada um tem seu gosto, claro, mas a gente respeita muito as preferências uns dos outros e está sempre curioso por sons novos. Por isso, a gente toca junto com frequência e investe tempo na criação das músicas. O processo costuma começar com uma pessoa puxando o projeto e definindo a direção geral. Aí os outros vão adicionando suas cores e energias, dando peso ao projeto. Conforme a música vai tomando forma, todo mundo dá feedback e juntos fazemos arranjos e ajustes até ficar pronta.
— Então, as opiniões e estilos de todos os membros estão presentes em cada música. “SEXY NUKIM”, com participação do RM do BTS, chamou atenção mundial e foi um sucesso pra ambos os lados. Tem alguém com quem o Balming Tiger gostaria de colaborar no futuro?
San Yawn: Eu adoraria trabalhar com o diretor Park Chan-wook um dia! Cresci assistindo aos filmes dele — tipo Oldboy e I’m a Cyborg, But That’s OK — e ele teve um impacto enorme na visão artística do Balming Tiger. Ele é um artista que inspira muita gente, justamente por usar materiais e formas de expressão que ninguém tinha reparado antes. Seria incrível colaborar com ele algum dia.
— Assim como vocês foram influenciados pelas obras do diretor Park Chan-wook, vocês acreditam que a música de vocês tem o poder de impactar positivamente as pessoas e a cultura?
San Yawn: Acho que esse é o valor máximo da música — e da arte em geral. A gente sente que, a cada álbum e show, estamos mostrando para o público o verdadeiro poder que a música carrega. Sem essa crença de que a arte pode mexer com o coração das pessoas, talvez os próprios artistas nem existissem.
— Para finalizar, qual é o objetivo atual do Balming Tiger?
San Yawn: Ampliar nossos horizontes, passo a passo. No momento, nosso foco é, através do próximo álbum e das atividades que virão depois, inspirar as pessoas de forma positiva.
Uma banda de K-POP alternativo que surgiu de repente na Coreia do Sul em 2018. Com 11 membros, eles cuidam de todo o processo: composição, gravação de clipes, performances e divulgação. Eles chamaram atenção já no single de estreia, “I’m Sick”, e em 2019, com a música “Armadillo”, ganharam o prêmio de Music Video Of The Year no Korea Hip Hop Awards, conquistando seu espaço e influência na cena musical coreana. Em 2022, lançaram “Sexy NUKIM”, com participação do líder do BTS, RM, trazendo um novo vento de fenômeno K-POP para o mundo inteiro.
Ah, a luz do sol se apagando
Lá se vai mais um dia, sayonara Tô nem aí pro hoje, tanto faz, nem ligo É hora de queimar tudo o que sobrou
Um passo em falso e já era
Araria
Eu me escondo
Pra qualquer lugar — de Seul até Narita (hey hey)
Só vencemos juntos (só vencemos juntos)
Força que vem de dentro (força que vem de dentro)
Girando e girando, ainda sem agir como alguém da minha idade
Tô me sentindo nas alturas, pegando fogo de vez
Todo mundo, vem comigo, galera!
Tô me sentindo nas alturas, pegando fogo de vez
O tigre e a luz azul, toca aqui!
Vamos dividir o tatame (Ganggangsullae)
Que sensação boa aqui dentro
Seguindo o belo andarilho
Atravessando montes e rios lindos
Seguindo o belo andarilho
Indo e voltando com o andarilho
Com o vento, lá vou eu de novo
Subindo até o céu azul — meu Deus
Por cima daquela montanha, daquela montanha, daquela montanha, daquela montanha
Ainda, ainda quero brincar mais
“Espera aí, mamãe!”
Mas... já tô cansada
“Vamos pra casa, papai!”
Pro céu que se pinta de vermelho
Sussurro um adeus
As sombras se alongam
Tomara que a gente se veja amanhã
Vamos dividir o tatame (Ganggangsullae)
Que quentinho no coração
Seguindo o belo andarilho
Atravessando montes e rios lindos
Seguindo o belo andarilho
O vento sopra, espalhando as flores
E o que a pétala vermelha quer dizer é:
Vamos dividir o tatame
Eureka, eureka, eureka
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Curiosidades
1 - O título significa literalmente "Lado a Lado".
2 - A capa foi feita usando a técnica de arte tradicional coreana chamada 혁필 (hyukpil) — um estilo de caligrafia pictórica onde as letras são transformadas em imagens como aves, flores e formas naturais coloridas. Essa arte ainda é praticada nas ru as de Seul, especialmente por artistas que pintam nomes personalizados em locais como a estação City Hall.
2 -“Araria" (아라리) é uma palavra tradicionalmente usada emcanções folclóricas coreanas, geralmente sem significado literal direto, mas com função poética, expressiva ou rítmica — como um lamento ou suspiro.
3 - Ganggangsullae é uma dança folclórica coreana tradicionalmente feita por mulheres em roda.
4 - O "belo andarilho" na letra se trata de um Gakseori, que sãoartistas andarilhos que cantavam e se apresentavam nas ruas ou vilarejos, muitas vezes de forma cômica, crítica ou satírica.
Esta entrevista é de propriedade de Bazaar, feita em 30 de Junho de 2025 por Choi Kang Sun-Woo. Nós apenas traduzimos, sendo assim com os devidos créditos dados aqui.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
'Pigeon & Plastic' , o show solo do Balming Tiger e ao mesmo tempo o primeiro projeto do Balming Tiger Film Studio, foi muito mais do que só um show. Até onde será que vai essa fase experimental deles?
Quem é o Balming Tiger?
Eles não são só um grupo de músicos — o Balming Tiger é um coletivo criativo e experimental que vai muito além disso. Liderado por nomes como Omega Sapien, sogumm, Mudd the Student, bj wnjn e Lee Soo-ho, o grupo também inclui o produtor Sanyawn, além de beatmakers, cineastas, designers gráficos e artistas de várias áreas, todos no mesmo nível de excelência. No fim das contas, eles funcionam quase como uma “micro comunidade”.
A formação aberta do coletivo e o leque praticamente infinito de atividades que eles abraçam desde a estreia mostram bem isso: o universo musical que construíram desafia gêneros e é guiado pela experimentação. A base pode até ser o rap, mas eles passeiam livremente por eletrônica experimental, rock psicodélico, IDM, hip-hop abstrato e por aí vai — sempre transitando entre o alternativo e o pop sem medo.
Eles mesmos se definem como “alternative K-pop”, mas colocar um rótulo só parece até injusto. Afinal, esse estilo é só uma parte do que o grupo oferece. Os sons quebram os moldes: misturam psicodelia, eletrônico esquisitão, R&B alternativo e estruturas musicais não lineares, com pausas vazias intencionais, ruídos, versos sussurrados, cantos quase gritos e melodias desconexas. Essa mistura toda cria uma vibe única.
E o mais curioso? Apesar de todo esse lado experimental, os quatro também são divertidos, têm carisma, humor e um jeitão fofo que arranca risada só de aparecerem. Eles conseguem equilibrar perfeitamente o estranho com o popular.
‘Pigeon & Plastic’: Derrubando Fronteiras
Dessa vez, o Balming Tiger subiu um filme no palco. Literalmente. No fim de semana passado, eles fizeram um show solo chamado Pigeon & Plastic no YES24 Live Hall, em Seul — por só dois dias — e entregaram uma experiência totalmente nova, misturando música e atuação, realidade e ficção, telão e performance ao vivo.
O nome do show vem da música “Pigeon and Plastic”, do primeiro álbum completo deles. E como eles mesmos avisaram antes: seria “uma experiência única que só dá pra ver ao vivo”. E foi mesmo.
O show teve três blocos principais em vídeo (VCR), e a ideia central girava em torno de um set de filmagem — só que contado de forma cômica e caótica. A história acompanhava os bastidores de um filme sendo feito. A sacada? Os atores Park Jung-min, Baek Hyun-jin, Kim Ki-chun, Lee Jung-hyun e Shim Eun-kyung interpretavam os membros do Balming Tiger, enquanto os membros reais apareciam como dublês de ação dos próprios personagens. Um rolê bem doido — e genial.
Foto / Pôster de Pigeon & Plastic
No segundo ato, chamado “A Flor que Brota na Lama”, rola uma situação engraçada que faz a galera rir: enquanto os atores saem do palco, os dublês assumem as cenas principais e acabam causando uma confusão daquelas durante a gravação.
O palco é todo montado como o cenário de um “filme falso” que oscila entre sitcom e documentário, e a mistura entre o vídeo e a realidade acontece o tempo todo. Nessa hora, o público não está só ali pra “assistir” passivamente — eles acabam entrando nessa linha tênue entre o real e o imaginário, fazendo parte da cena, meio que “virando” o próprio personagem.
O Balming Tiger quebra essa ideia tradicional de que a gente só é espectador e os artistas só estão lá pra mostrar o show. Eles jogam todo mundo numa posição ativa, onde quem tá vendo também sente, participa e se conecta de verdade com o que tá rolando no palco. Quando a dança, a atuação, o palco e o vídeo se misturam, o público não tá só olhando — tá vivendo a história ali mesmo, como se fizesse parte dela.
Logo depois do show, as redes sociais e comunidades, incluindo o X, ficaram cheias de comentários tipo “Corri tanto que até fiquei com roxão no joelho” e “Fiquei confuso se era filme ou show de tão louco que foi”. Essa imersão física e emocional que o show provocou sacudiu totalmente a estrutura tradicional de quem apresenta e quem assiste — isso tem um significado enorme.
E, mais legal ainda, depois do bis rolou um vídeo-surpresa de uma “audição falsa” que não é só uma brincadeira pra fã, mas uma camada nova de fantasia: uma audição pra “virar Balming Tiger”. No vídeo aparecem artistas externos, como RM e Kim Han-joo, e tudo funciona como uma espécie de mise-en-scène dupla, onde cada elemento complementa o outro.
Um espaço pra novas experimentações no palco
A meta-narrativa do “virar” (being, becoming) está ligada à essência da postura dos artistas. Esse conceito não é sobre uma identidade fixa, mas sobre estar em constante transformação — atuando, imitando e se reinventando o tempo todo. Eles não se definem de forma rígida, aceitam ser “outros”, se desconstróem e escolhem sempre se tornar uma nova versão do Balming Tiger. Eles não estão só se apresentando, mas atuando, cantando e questionando dentro de um dispositivo experimental.
Vale destacar também a direção do show e a qualidade visual, que aumentam muito a imersão. A famosa diretora de arte Ryu Seong-hee, reconhecida por seu trabalho delicado no cinema coreano, participou pela primeira vez da produção do palco do show. Kim Han-joo, do Silica Gel, entrou como diretor musical e cuidou dos arranjos de todas as faixas. O palco foi tão bem pensado que parecia mais uma mise-en-scène linda, impossível desviar o olhar. Não foi só um show misturado com filme, mas sim um evento sensorial onde visão e som se entrelaçaram de forma orgânica.
Diferente dos shows de K-pop que focam em “mostrar” pros fãs, esse evento destruiu fronteiras e puxou o público para dentro da história. Graças ao trabalho nos bastidores, foi possível criar um espetáculo de arte completa, unindo imaginação cinematográfica com música ao vivo. O público se perdeu nessa narrativa dupla — entre os artistas no palco e os atores na tela — enquanto curtia o som da banda e se entregava à experiência sensorial do show.
'Pigeon & Plastic' não é apenas um “show bem feito”.
Passando longe de ser só uma “quebra de barreiras”, o espetáculo desafia as regras do sistema da indústria do K-POP, redefine a relação entre palco e público e cria uma nova interface entre arte e diversão, música e narrativa, fãs e criadores. Ele desmonta as narrativas e a estética do cenário musical e de performances coreanas, trazendo atores externos para gerar uma fronteira estranha — e ao mesmo tempo uma sinergia incrível — entre público e artistas. Sem focar no “imersivo” tradicional via narrativa e fandom, o Balming Tiger dá um twist nesse processo, propondo um tipo de imersão completamente diferente. Nesse instante, o espaço do show vira uma plataforma experimental cheia de possibilidades. Um coletivo que não se prende a uma identidade fixa e transita por vários gêneros, mostrando claramente que está evoluindo para se tornar um dos grupos criativos mais interessantes da atualidade.
Quando perguntados “O que será que o Balming Tiger vai se tornar?”, eles, como sempre, não deram resposta direta. Só subiram ao palco e mostraram que estão prontos para o próximo show, próximo vídeo, próximo universo.