Esta entrevista é de propriedade de WWD Japan, feita em Março de 2025 por Keika Kishino, nós apenas traduzimos, sendo assim com todos os créditos dados aqui.
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Integrantes do Balming Tiger. Da esquerda pra direita: Omega Sapien, sogumm, bj wnjn, Mudd the student, Leesuho
Balming Tiger
PERFIL: Banda alternativa de K-POP formada na Coreia do Sul em 2018. Com 11 membros, o grupo cuida por conta própria de todas as etapas do processo criativo: produção musical, gravação de videoclipes, performances e divulgação. Chamaram atenção com o single de estreia “I’m Sick” e, em 2019, ganharam o prêmio de Music Video of the Year no Korean Hip-Hop Awards com “Armadillo”, consolidando sua influência na cena musical coreana. Em 2022, lançaram “Sexy NUKIM” com RM, líder do BTS, levando uma nova onda de K-POP ao mundo. Em 2023, lançaram o primeiro álbum de estúdio, January Never Dies, seguido do EP Greatest Hits em novembro de 2024.
A banda alternativa de K-POP Balming Tiger, formada em 2018, é um coletivo alternativo composto por 11 integrantes com diversos talentos. Com um som que mistura gêneros como pop, hip-hop, rock e eletrônica, o grupo construiu um estilo próprio dentro da cena musical coreana. Em 2022, ganharam grande destaque ao lançar a faixa “Sexy NUKIM”, em colaboração com RM, líder do BTS.
Neste ano, o grupo também tem expandido suas atividades no Japão: foi responsável pelo tema de abertura do dorama da NHK “Tokyo Salad Bowl”, participou do festival tributo a Ryuichi Sakamoto, “RADIO SAKAMOTO Uday”, e tem presença confirmada no Fuji Rock Festival '25.
Nesta entrevista, conversamos com seis integrantes — San Yawn, Omega Sapien, sogumm, bj wnjn, Mudd the student e Leesuho — sobre os outros membros do grupo, suas influências musicais e o estilo que cada um carrega.
"Não tentamos evitar os choques de opinião."
Membros do Balming Tiger. Da esquerda para a direita: Omega Sapien, Mudd the student, sogumm, Leesuho, bj wnjn
— O Balming Tiger é um grupo com formação fluida, certo? Para começar, podem nos contar como está a formação atual?
Leesuho: Atualmente somos 11 integrantes. Quem sobe no palco nos shows são o Omega Sapien, a sogumm, o bj wnjn, o Mudd the student e eu, Leesuho, que sou produtor e diretor de vídeo. O San Yawn é o líder, diretor criativo e também produtor. Temos ainda o produtor musical Unsinkable, o responsável pelas operações práticas, o marqueteiro Henson Hwang, e o A&R Abyss. O diretor de vídeo Jan’Qui e o artista visual Hong Chanhee também fazem parte. O Chanhee cuida do design de tudo relacionado ao Balming Tiger, e atua em várias frentes como direção de arte, filmagem e até styling.
— Os membros têm papéis bem diferentes, mas o processo criativo sempre começa pela música? Ou às vezes começa com performance ou artes visuais?
San Yawn: Na maioria das vezes começa pela música, mas depende. Às vezes parte de uma ideia de vídeo que queremos fazer, outras vezes surge de uma única imagem ou foto. É bem flexível.
— E os membros não entram em conflito de opiniões?
Omega Sapien: (em japonês) O nosso presidente (San Yawn) tem uma liderança incrível, então tá tudo certo!
San Yawn: (risos) A gente não evita os conflitos de opinião, não. Se alguém tem uma convicção forte, fala mesmo, e usa as palavras que for preciso pra fazer os outros entenderem.
sogumm: Sempre surgem muitas opiniões diferentes, e muita coisa boa nasce justamente desses choques. Acho que isso é parte essencial do nosso processo criativo. É como se estivéssemos sempre explorando o nosso estilo único do Balming Tiger com alegria. E isso tudo me enche de esperança.
As raízes musicais dos membros?
—Entendi. O Balming Tiger é um grupo de “K-POP alternativo” e parece incorporar uma variedade de gêneros musicais de maneira muito livre. Cada um de vocês tem raízes musicais diferentes, certo?
Omega Sapien: Quando eu era mais jovem, achei importante expressar honestamente as emoções que surgiam dentro de mim. Foi daí que passei a me interessar por hip-hop.
Leesuho: Eu também. Quando era mais jovem, ouvia principalmente hip-hop e eletrônica, coisas mais intensas. Eu não conseguia expressar minhas emoções, como a raiva, de forma tão direta, então acho que ouvi essas músicas para sublimar esses sentimentos.
Mudd the Student: Sempre que estava em casa, minha irmã tocava vários tipos de música. Pop, rock, hip-hop, eletrônica... Os gêneros eram diversos, e eu acho que recebi uma grande influência disso. Houve uma época em que eu ouvia muito rock. Mas a primeira vez que fiz música foi no hip-hop, e isso acabou se tornando minha base.
sogumm: Quando eu tinha 12 anos, fui viajar para a China com meus primos mais novos sem nossos pais. Eu tinha apenas algumas músicas no meu MP3 player, e durante a viagem, à noite, ouvi a música "Tree" da BoA, e senti muito poder na música. As letras em coreano realmente tocaram meu coração. Foi aí que decidi seguir a criação de música para também poder fortalecer as pessoas através da música. Eu até escrevi isso no meu diário na época.
bj wnjn: Eu sempre ouvi muita black music. Eu adoro a forma livre de expressão do D'Angelo. Durante o tempo em que estou no Balming Tiger, comecei a me expor a muitos outros estilos e acho que isso tem me influenciado positivamente.
San Yawn: No começo, eu queria ser rapper e comecei a escrever letras de rap. Mas à medida que fui ouvindo vários tipos de música, meu interesse por produção e composição aumentou. Quando olho para trás, vejo que sempre fui atraído por artistas mais voltados para a produção. Isso acabou me levando naturalmente para o trabalho no Balming Tiger.
—Aliás, nas músicas do Balming Tiger, sinto uma influência de trot também. A música popular teve alguma influência em vocês?
San Yawn: Todos os membros cresceram ouvindo música popular que tocava o tempo todo no rádio, na TV e nas lojas, antes mesmo de começarmos a ouvir rock e folk. Então, acho que as músicas populares e canções populares coreanas estão no fundo da nossa música.
Omega Sapien: Houve um período em que eu acreditava que o hip-hop americano, incluindo as letras, era o melhor. Mas, quando voltei às minhas raízes, comecei a me conectar mais naturalmente com o K-POP. Isso é algo em que sempre estou refletindo: como expressar isso no Balming Tiger.
A obsessão por moda e a vida no Japão.
Omega Sapien do Balming Tiger (à esquerda) e bj wnjn.
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Membros do Balming Tiger. Da esquerda para a direita: Mudd The Student, Sogumm e Lee Suho. |
——Nos shows ao vivo, vocês não apenas tocam as músicas, mas também incorporam danças e outros tipos de performance, criando uma experiência visualmente interessante, certo?
Omega Sapien: A gente começou de forma independente, então, para ser bem honesto, no começo não tinha grana para contratar músicos de sessão ou colocar vídeos legais com LED (risos). Mas acho que, ao pensarmos em várias ideias de performance por conta própria, a criatividade surgiu dentro dessas limitações.
——Os trajes têm sempre uma harmonia nas cores, ou usam o mesmo casaco, criando uma sensação de unidade. Qual é a ideia por trás disso?
Sogumm: No começo, a gente tinha que fazer tudo com um orçamento bem limitado (risos). Com essa restrição, passamos a combinar as cores e a pensar na primeira impressão visual que a gente queria passar no palco. Agora, amigos talentosos estão criando os designs para a gente.
San Yawn: Quando usamos o mesmo traje no palco, sentimos que somos um time, que estamos todos unidos.
Sogumm: Para mim, usar roupas iguais durante a performance traz uma sensação de motivação. Além disso, com o tanto de turnês que fizemos na Europa e nos Estados Unidos, comecei a prestar mais atenção na estética oriental.
San Yawn: A gente também se inspira em grupos como o YMO, que souberam incorporar a estética oriental de maneira incrível. Admiro muito isso.
Mudd The Student: E claro, acredito que a influência do K-POP também acaba entrando naturalmente nas nossas roupas.
Omega Sapien: Eu gosto de criar uma sensação de desconforto. Costumo usar camisetas um pouco menores. É algo que está meio fora de moda hoje, mas não é exatamente retrô… É mais como uma imagem de uns sete anos atrás, de um período meio indefinido.
San Yawn: No fim das contas, a forma como a gente vive e nossa personalidade acabam se refletindo no estilo também, né?
Omega Sapien: Hahaha (risos).
bj wnjn: Eu tenho uma preferência forte por usar peças originais mesmo — não versões modificadas ou com releitura. Gosto do item como ele foi criado.
Mudd the Student: Eu me inspiro muito nos roqueiros dos anos 90, tipo o Radiohead. Curto esse visual meio natural, mas cheio de camadas e referências. Adoro colecionar camisetas vintage de bandas.
Sogumm: Minha mãe sempre foi uma figura excêntrica e também se importava bastante com moda. Ela usava hanbok de um jeito super moderno. Quando eu era pequena, na época da pré-escola, nas saídas de voluntariado ou excursões escolares, todas as crianças iam com roupas confortáveis, tipo moletom. Mas minha mãe queria me mandar de vestido de princesa (risos). Como ela sempre teve esse olhar diferente, acho que isso acabou me influenciando bastante e me fez desenvolver um interesse e uma paixão pela moda.
— No ano passado, vocês foram responsáveis pela trilha sonora ambiente da loja Parco em Shibuya. Este ano, criaram a música-tema “Wash Away” para o dorama da NHK Tokyo Salad Bowl, e também já têm presença confirmada no Fuji Rock ‘25. As atividades no Japão estão se expandindo! Tem algo que gostariam de fazer por aqui, ou alguém com quem sonham em colaborar?
San Yawn: A gente está se preparando para trabalhar mais seriamente no Japão, e tem muita coisa que queremos fazer. Tenho bastante interesse em fazer músicas-tema para animes também. Tem muitos artistas japoneses que eu admiro, mas meu favorito é o Haruomi Hosono. Seria um sonho colaborar com ele algum dia.
Mudd the Student: Eu era muito fã de NUMBER GIRL, então gostaria de fazer algo com o ZAZEN BOYS.
Omega Sapien: A minha escolha é a Aimyon!
Sogumm: Eu gostaria muito de trabalhar com a Akitsuyuko. E também sou super fã da fumiko imano, aquela artista famosa pelos autorretratos em que parece estar com uma irmã gêmea. Seria incrível fazer algo juntas.
San Yawn: Também admiro demais o Takashi Homma, o Hirokazu Kore-eda, a Suzu Hirose, a Nao…
Sogumm: Nossa, tem tanta gente que a lista nem acaba!
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