Esta entrevista é de propriedade de DAZED KOREA, feita em 12 de Setembro de 2024 por Yoon Seunghyun. Nós apenas traduzimos, sendo assim com os devidos créditos dados aqui.
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O dia em que Oh Hyuk e... Oh Hyuk se encontraram, vestiram o New McQueen do Sean McGirr e deram um rolê por Seul.
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O casaco alfaiatado com detalhe de corrente T-bar, a calça preta de viscose e o colar choker Cross Bar de metal prateado com barra cruzada e detalhe de caveiras duplas — tudo McQueen by Seán McGirr. |
Faz tempo que você não fazia um ensaio. E há pouco participou até do IU's Palette no YouTube. Como está se sentindo com esse retorno?
Tô animado, mas também um pouco apreensivo. Pra ser sincero, ainda nem parece real.
Você já conhecia a fotógrafa Fumiko Imano? Dizem que foi você quem fez questão de chamá-la pra esse ensaio.
Sim, já conheço a Fumiko faz um tempinho. A gente se encontrou em Tóquio há uns sete anos. Mas essa é a primeira vez que trabalhamos juntos. Sempre curti o DoBeDo Project, e foi por lá que conheci o trabalho dela. Desde então, queria muito fazer algo com ela um dia. Fico feliz que isso tenha finalmente rolado, graças à parceria com a McQueen.
Você voltou com um álbum completo depois de quatro anos. Antes, você comentou que “não fazer nada” era um tempo valioso. Acha que aproveitou bem esse tempo?
Não posso dizer que aproveitei cada segundo, mas com certeza foi um período necessário. Consegui experimentar coisas novas, me envolver com projetos diferentes e refletir com mais calma sobre o que eu queria fazer. Antes era tudo muito corrido — lançava algo, saía em turnê, lançava de novo, e por aí ia. Às vezes rolava um ensaio no meio, mas no geral, eu só seguia a rotina. Sempre curti teatro e cinema, tinha uma curiosidade antiga por essas áreas, mas nunca conseguia parar pra me dedicar de verdade. Dessa vez, consegui. Quis retribuir quem já tinha me ajudado antes, então acabei compondo músicas pra uma peça e até fui diretor musical de um filme.
Ouvindo esse álbum novo, a primeira coisa que me veio à cabeça foi a palavra “Ásia”. Vi que a designer Kim Youngna, que cuidou da arte do disco, comentou que vocês conversaram sobre esse tema de “asiaticidade”.
A gente não chegou a discutir um conceito claro do que seria essa “asiaticidade”, sabe? Mas tem umas coisas que vão batendo quando você faz muita turnê fora da Ásia — como a gente e o pessoal do Sunset Rollercoaster. Uma coisa que sempre chama atenção é que, tirando os EUA, em muitos festivais mundo afora tem no máximo uma ou duas bandas asiáticas na lineup. Isso sempre ficou na minha cabeça, meio que incomodando. E, nessas idas e vindas, acabamos encontrando o Sunset Rollercoaster várias vezes — tipo em Boston, onde por acaso tocamos perto e fomos comer juntos, depois no Japão de novo... Enfim, rolou muita conversa sobre situações que só a gente, como asiáticos, vive. Nada que dê pra chamar de “absurdo”, mas são experiências muito particulares. E no meio disso tudo, veio a ideia: seria massa montar um projeto onde os asiáticos fossem o centro da coisa toda.
Logo logo você completa 10 anos de carreira. O que são o Hyukoh e o Oh Hyuk um pro outro?
Até agora, confesso que botei muito mais energia no Hyukoh. Tudo que pude fazer de melhor, fiz com a banda. Mas o foco tão forte nela acabou me impedindo, às vezes, de seguir vontades mais pessoais. Essas eu fui liberando nos projetos solo, como Oh Hyuk mesmo. Durante esse tempo parado, comecei a me interessar por outras áreas, estudei umas coisas diferentes... Talvez eu leve isso pro meu trabalho solo no futuro.
Então o Hyukoh segue uma linha mais coesa e constante, e o Oh Hyuk, digamos, é caótico no melhor sentido? Lembro que você já falou de vontade de lançar um álbum todo voltado pro eletrônico ou pro techno.
Sim! Ainda quero muito fazer isso. Eu divido a música em duas categorias: com letra e sem letra. Ou talvez, música com linha de voz principal que conduz tudo e aquela onde isso não acontece. Essas duas formas pedem jeitos bem diferentes de compor. Quando tem letra ou uma linha vocal guiando, sempre rola uma carga emocional — você precisa pensar no que quer transmitir. Já na música eletrônica, claro que tem sentimento, mas o foco costuma ser mais na intuição. É mais sobre deixar o corpo reagir do que entender com a cabeça. O jeito que essas músicas mexem com a gente é diferente, e isso me fascina. Quando fico cansado de fazer músicas muito emocionais, corro pro eletrônico — é outro universo, então sempre acabo redescobrindo o prazer de criar.
Trabalhar com trilha sonora de filme deve ter sido bem diferente dos outros estilos, né?
O filme The Dream Songs chegou até mim por indicação do DQM, que cuida das partes visuais da nossa equipe. Ele sugeriu que eu fosse o diretor musical. Lembro da primeira vez que encontrei o diretor Cho Hyun-chul — ele também fala super pouco, então a gente praticamente não conversou (risos). A única coisa que ele me pediu foi: “Queria algo tipo um psicodélico coreano”, e, até hoje, sinceramente, não sei direito o que isso quer dizer (risos). Depois daquele encontro, eu assisti várias vezes à edição do filme, e fui compondo com base nas sensações que iam surgindo.
Muita gente vem pedindo pra lançar a trilha sonora do filme como um álbum, né?
Sim, e inclusive a música “사랑한다는 말은 (Dizer que te amo)”, que aparece em The Dream Songs , eu escrevi ainda no ensino médio. Desde aquela época, tinha uma pessoa que eu queria muito que fizesse um feat nessa faixa. Estou esperando esse feat acontecer até hoje. Quando ele sair, talvez finalmente a música ganhe sua versão completa.
E falando na nova fase da Alexander McQueen com o Seán McGirr, o que você achou?
As roupas estavam incríveis. Te juro que por um momento pensei “e se eu fosse só um pouquinho mais alto?” (risos). Teve um suéter que usei no meio do ensaio que era lindo demais, mas também foi a peça mais pesada que já vesti na vida. Fiquei curioso pra saber como outras pessoas vão usar aquilo. Tô bem animado pra ver o que o Seán vai criar daqui pra frente e torcendo pra gente ainda fazer muita coisa legal junto.
Você tá prestes a sair em turnê agora. Imagino que já esteja mais acostumado, mas dessa vez a equipe cresceu bastante.
Meu pensamento continua o mesmo: “vamos preparar tudo que der, da melhor forma possível”. Até agora, nossas turnês sempre foram pequenas, com uma equipe bem reduzida. Mas agora, além da banda estar maior, o número de pessoas envolvidas também aumentou bastante. Por exemplo, dessa vez a gente vai ter duas baterias no palco! Isso é inédito pra gente. Quando duas bandas dividem o show, geralmente tocam juntas em umas três a cinco músicas no máximo. Mas aqui, vamos fazer o show inteiro com dois kits de bateria tocando em conjunto, do início ao fim. É algo totalmente diferente do que já fizemos, então dá um certo nervosismo. Mas, por outro lado, tô muito empolgado. Faz tempo que não tocamos ao vivo — só isso já me deixa animado demais. Espero que muita gente venha ver a gente!
Direção criativa e moda: Kim Yeyoung
Texto: Baron (Yoon Seunghyun)
Fotografia: Fumiko Imano
Direção de arte: Dawn (Wi Daham)
Maquiagem: Kang Yoonjin
Assistente: Neo (Han Minwook)
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