Esta entrevista é de propriedade de Fake Magazine, feita em Abril de 2025, nós apenas traduzimos, sendo assim com todos os créditos dados aqui.
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BONGJEINGAN (봉제인간)
Como o próprio nome já entrega, o Bongjeingan cria músicas como se fossem feitas de vários retalhos costurados à mão, ponto por ponto. No primeiro álbum completo, 12 Languages, eles juntaram cenas e palavras do jeitinho deles, deixando uma marca única. E, em março passado, escancararam de vez a porta pro mundo deles com o primeiro show solo: Bongjeingan: A Máquina de Costura da Fúria (Sewing Machine of Wrath). O que rolou no palco foi um caos calculado nos mínimos detalhes — uma colisão verdadeira entre três pessoas que se entregaram por inteiro. Era a cara do Bongjeingan: momentos intensos como um clarão e emoções que continuam ecoando, tudo costurado junto feito um só corpo.
Essa entrevista aconteceu logo depois do show, quando o calor e a emoção ainda estavam no ar. A ideia era entender como esse som nasceu, quais cenas e sentimentos trouxeram o Bongjeingan até aqui. E, mais do que explicações longas, o que veio foi uma conversa com fala mansa, mas firme — uma narrativa tão honesta e direta quanto a música deles. Agora, fora dos palcos, a gente conhece outro lado do Bongjeingan. Bora conferir as histórias que eles ainda estão costurando.
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ⓒbongjeingan |
P. Comecem se apresentando rapidinho, e falem um pouco sobre a banda Bongjeingan.
Y. Oi! Eu sou a Ji Yunhae (Y), do Bongjeingan. Prazer!
H. Eu sou o Hyunjae (H), do Bongjeingan — faço tudo do meu jeito.
J. E eu sou o Iljun (J), tô aqui pra fazer as coisas ficarem mais divertidas no Bongjeingan.
P. Todos vocês já tinham carreiras bem marcantes antes da banda. Desde a estreia, chamaram muita atenção na cena indie de Hongdae. Como foi que decidiram formar o Bongjeingan? Teve alguma história marcante nesse começo?
R. A gente não começou com aquela coisa de “vamos montar uma banda, planejar os projetos, organizar tudo bonitinho”. Foi mais no improviso mesmo. Começamos a tocar juntos e, do nada, surgiram umas músicas que pareciam... bem, músicas mesmo. Aí veio o “e se a gente fizesse um show?”.
Na época, tinha toda aquela tensão da pandemia — a frustração, a raiva acumulada — e a gente acabou jogando tudo isso nas jam sessions. Foi aí que o negócio ficou divertido pra valer (risos). Foi bem natural, sabe? A banda nasceu nesse embalo.
Olhando agora, parece que cada pedacinho desse começo foi um momento bonito demais.
ⓒbongjeingan




P. As experiências passadas de vocês com certeza influenciaram no som e no jeito de trabalhar no Bongjeingan. Teve algum momento em que essas bagagens se chocaram ou se fundiram de um jeito novo?
H. Pra ser sincero, mais do que o que cada um já fez antes, o que mais me pegou foi o carisma das pessoas em si. Acho que é isso que mais impacta no som novo que a gente cria.
J. É... tocar com gente nova já é, por si só, criar um som novo. Não tem muito mistério.
P. O nome “Bongjeingan” é bem único. Passa uma imagem bem visual e conceitual também. Tem algum motivo especial por trás da escolha desse nome?
R. Como o foco era muito mais na música, o nome da banda acabou sendo algo que a gente foi empurrando com a barriga. Mas aí veio o primeiro show e a gente precisou decidir correndo.
Pensamos em algo que representasse nosso som, que é meio barulhento, agressivo... e aí surgiu “Bongjeingan” (algo como “humano costurado”). Queríamos um som bruto, mas ao mesmo tempo a gente parecia feito de algodão por dentro (risos).
Foi meio no susto que o nome saiu, mas hoje ele tem significados diferentes pra cada um de nós.
P. A música do Bongjeingan não parece se prender a nenhum gênero específico. É super crua, emocional, como se fosse direto do coração. Dá pra sentir uma linha de sentimento contínua, ou até uma filosofia por trás. Se tivessem que definir o som de vocês com uma palavra, qual seria?
Y. San-nakji.
(N.T.: um polvo cru coreano que ainda se mexe no prato, representando algo vivo, pulsante)
H. Diversão.
J. Coisa boa.
R. Acho que o que une tudo é essa vibe de querer fazer música com emoção viva, meio impulsiva, mas também divertida e boa de verdade (risos).
P. Recentemente vocês fizeram o show solo ≪Bongjeingan: A Máquina de Costura da Fúria≫ e finalmente puderam encontrar os fãs cara a cara. Qual foi o sentimento de fazer esse show? O que significou pra vocês?
Y. Foi uma felicidade imensa. Sou muito grata a todo mundo que esteve naquele espaço com a gente.
H. Tenho um carinho enorme por todos os membros da banda que se dedicaram tanto, e pela equipe da nossa empresa que ajudou a construir o show como se fosse um só corpo com a gente. Mas, acima de tudo, ver o público indo embora com um sorriso no rosto... isso me deixou com vontade de subir logo no palco de novo e continuar criando música.
J. Teve muita gente envolvida — além da gente, claro — que se esforçou pra fazer esse show acontecer de um jeito incrível. Por isso, dá uma dorzinha no coração pensar que só rolou uma vez. Mas acho que essa energia que ficou vai se transformar em coisa boa nos próximos projetos.
P. Já vi um show de vocês num festival, e a maquiagem me chamou muita atenção. Sempre que vocês se apresentam, rola esse visual bem marcante. Conta pra gente de onde veio essa ideia e como ela se desenvolveu.
Y. Foi ideia do Oh Hyuk, acredita? Ele sugeriu a maquiagem a primeira vez, e depois disso virou quase uma tradiçãozinha, a gente faz de vez em quando como se fosse um evento especial. Valeu, Hyuk~ (risos)
H. Aproveito pra agradecer publicamente o diretor Oh Seongseok, que é quem sempre cuida da nossa maquiagem com tanto capricho.
J. O diretor Oh Seongseok meio que faz o que ele quer nas nossas caras, viu? (risos) Se ele acha que vai ficar legal ou divertido, ele simplesmente vai lá e faz.
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P. A música do Bongjeingan passa uma sensação de emoção que explode do nada, como se fosse algo impulsivo. Quais são os momentos que mais inspiram vocês na hora de criar? Tem alguma forma especial com que vocês costumam se inspirar?
Y. Eu me inspiro muito nos momentos em que estamos tocando. Por exemplo, a música “Diz que sim” surgiu quando a gente tava gravando um conteúdo em vídeo, e o Hyunje começou a tocar um riff de guitarra enquanto esperávamos. Achei muito bom, gravei no gravador de voz e depois desenvolvi a música a partir daquilo.
H. Acho que tiro várias ideias das conversas que tenho com os membros sobre trabalho ou sobre música mesmo.
J. Acho que é meio como tentar reviver momentos bons. Eu me pego querendo transformar esses sentimentos em música.
P. Dá pra notar que vocês não se prendem a gêneros na hora de criar — parece que estão sempre testando coisas novas. Como funciona o processo de criação? Vocês dividem funções ou seguem um esquema diferente?
Y. A gente meio que faz o que dá pra fazer (risos). Mas pensando bem, fui eu quem escreveu todas as letras até agora. Talvez um dia os outros também se arrisquem nisso.
H. Cada um contribui com o instrumento que toca, e quem tiver uma ideia a mais, desenvolve um pouco e depois todo mundo pensa junto.
J. Eu sempre faço o que estiver ao meu alcance. É simples assim.
P. Dá pra ver que até os pôsteres dos shows, capas de álbuns e outros materiais visuais têm uma pegada bem única, com uma filosofia e estética próprias do Bongjeingan. Vocês prestam atenção em algo específico na hora de criar essas coisas?
H. A gente lida com isso do mesmo jeito que encara a música. Procuramos imagens que sejam divertidas ou legais no momento, sem ficar presos a um formato.
J. Geralmente surgem em conversas. Se alguém tem uma ideia do nada e achamos que pode ficar interessante, a gente vai lá e faz.
P. Dá pra perceber que quem curte Bongjeingan é super fã das apresentações ao vivo. Talvez porque a energia de vocês fique ainda mais intensa ali. Teve alguma reação ou feedback de show que marcou vocês?
Y. No último show, a reação do público a uma música nova que a gente tocou pela primeira vez foi muito melhor do que esperávamos.
H. Teve um cara que gritava "Yes" toda vez que uma música terminava. Achei isso muito memorável.
J. Eu estava tão concentrado e no meio da correria que nem consegui reparar nas reações.
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P. Como vocês gostariam de ser lembrados pelas pessoas que ouvem a música do Bongjeingan? Existe alguma mensagem ou filosofia que o grupo gostaria de transmitir através do trabalho de vocês?
Y. A gente quer ser lembrado de qualquer jeito que faça sentido pra quem ouve. Seja como for que as pessoas nos vejam, tá ótimo.
H. Seria legal se lembrassem da gente como aquele pessoal que fazia tudo o que tinha vontade.
J. Gente que vive fazendo coisas divertidas. E tomara que todo mundo viva a vida se divertindo também.
P. A música do Bongjeingan parece seguir um caminho bem diferente do que costuma rolar na cena. Onde vocês acham que estão posicionados na música coreana atual? E pra onde querem ir daqui pra frente?
Y. Acho que... por volta de Seodaemun-gu? (risos)
H. A gente vai na direção que parece certa pra nós.
J. Em vez de pensar em "onde", eu só acho que estamos em algum lugar. Mesmo que a gente vire pra trás ou siga por um caminho alternativo, ainda vai ser o nosso caminho.
P. Hoje em dia, muitas bandas e artistas expandem sua identidade além dos palcos — com conteúdos em vídeo, artes visuais, colaborações etc. O Bongjeingan também tem algo assim em mente ou gostaria de explorar algum tipo de conteúdo diferente?
R. A música continua sendo o centro de tudo pra gente, mas estamos abertos a novas formas de experimentar, tipo um livro infantil com trilha sonora. A ideia é mostrar outros lados nossos através de conteúdos além da música também.
P. Vocês reinterpretaram o termo FAKE como algo que pode expressar de forma ainda mais interessante um estado de realização ou conquista. O que significa FAKE para o Bongjeingan?
R. Se for feito com sinceridade, até o que é falso pode virar verdade.
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